terça-feira, 9 de outubro de 2018

O primeiro voto nulo a gente nunca esquece

Minha primeira experiência com as urnas foi aos 18 anos recém completados, em 15 de Novembro de 1.989.
Foi também a primeira eleição direta para presidente, após 21 anos de Ditadura Militar, que alguns incautos insistem em afirmar que não existiu. (aqui, uma boa leitura)
No 1.º turno daquele ano, entre os 22 candidatos que pleitearam o cargo, escolhi Guilherme Afif Domingos, mesmo já avisado pelo Datafolha que ele não iria longe (ficou em 6.º lugar, com 3,2 milhões de votos).
No 2.º turno, que dividiu a nação numa disputa acirrada entre Fernando Collor e Lula, escolhi o candidato petista porque considerei ser o "mal menor" para o país. Lula, apesar de nunca ter sido meu favorito, ainda era uma esperança para muitos, enquanto já se sabia que Collor era uma completa farsa. Um sujeito inescrupuloso e egocêntrico que contou com fundamental ajuda da banda podre da mídia, em especial, uma famosíssima rede de televisão, para criar um personagem que caçava marajás e que era o único ser no Universo com poderes para salvar a nossa pátria.
Deu no que deu e, graças à denúncias do próprio irmão Pedro e da cunhada Thereza, o asqueroso Fernando Collor sofreu um processo de Impeachment e foi defenestrado do cargo juntamente com sua corja.

De lá pra cá, votei em todas as eleições, jamais justifiquei meu voto e tão pouco anulei ou votei em branco. Na maioria das vezes, sempre escolhi o que considerava o tal "mal menor".
- Em 1.994, Fernando Henrique surfava na onda de ser "o pai do Plano Real", apesar de haver muitas dúvidas sobre tal paternidade, e contou com meu voto para derrotar o Lula no 1.º turno e subir a rampa do Planalto pela primeira vez.
- Em 1.998, escaldado pelas alianças espúrias de FHC com o Centrão (o mesmo que fingiu apoio ao Alckmin agora) e revoltado com a farra da compra de votos no Congresso para aprovar a emenda da reeleição, usei meu direito de protestar votando no Ciro Gomes (ficou em 3.º com 7,5 milhões de votos). Como se sabe, a população ignorou as diversas denúncias de corrupção nas privatizações do PSDB, e Fernando Henrique se reelegeu vencendo o Lula, outra vez  sem necessitar do 2.º turno.
- Em 2.002, finalmente, após três tentativas frustradas, Lula e o PT conseguiram chegar (ou tomar, como diz o Zé Dirceu) ao sonhado poder. Por falta de opção melhor, votei no José Serra, então Ministro da Saúde do FHC, nos dois turnos (era ele, Garotinho ou Ciro de novo). Lula venceu no 2.º turno sem maiores dificuldades, a esperança venceu o medo, e até hoje estamos pagando a caríssima conta.
- Em 2.006, mesmo com todas as denúncias de corrupção e as provas incontestáveis que o mensalão era comandado pelo presidente em pessoa, o "inocente" Lula, que nunca soube de nada, conseguiu se "descolar" do PT, do Zé Dirceu e foi reeleito no 2.º turno com mais de 58 milhões de votos. Votei no Cristóvão Buarque no 1.º turno (era o único que falava em Educação) e no 2.º escolhi o Geraldo "Chuchu" Alckmin, que conseguiu uma proeza inédita na história das eleições de todo o planeta: fez mais votos no 1.º turno (39,9 milhões) do que no 2.º turno (37,5 milhões).
- Em 2.010, aproveitando o ótimo momento econômico mundial e contando com a aprovação de mais de 80% da população, Lula convenceu a maioria que a sua ministra Dilma Roussef, uma imbecil de carteirinha, era uma gerente exemplar, e que poderia continuar conduzindo o país melhor do que ele próprio. Junto com quase 20 milhões de brasileiros, votei na Marina Silva no 1.º turno, porém, a "gerentona" do Lula e o moribundo José Serra foram para o 2.º turno. Quase 56 milhões de brasileiros elegeram, pela primeira vez na história do país, uma mulher para a presidência. Votei outra vez no Serra que, com sua simpatia e carisma peculiares, conseguiu ser derrotado por um poste.
- Nas últimas eleições presidenciais, em 2.014, mesmo com Petrolão, Lava Jato, corrupção generalizada e incompetência em todos os setores, em especial, na Economia, a presidAnta Dilma foi reeleita no 2.º turno. Estava decidido à votar no Eduardo Campos, que faleceu naquele estranho acidente de avião, às vésperas do pleito. Achei que a Marina, substituta do Campos, não teria força para enfrentar o PT e acabei votando as duas vezes no Aécio Neves, mesmo sabendo que ele não era, digamos, "flor que se cheire". Só não sabia que era um criminoso sem caráter, da pior espécie existente.

Enfim, chegamos ao fatídico 2.º turno de 2.018, tendo que escolher quem pode piorar ainda mais a trágica situação do país:  Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad.
Votei no João Amoêdo no 1.º turno, não apenas porque me identifiquei com suas ideias, como também porque o Partido Novo foi realmente a única novidade que surgiu na política nas últimas décadas. Nunca fui filiado a nenhum partido político, porém, estou pensando seriamente em me filiar ao Novo e tentar contribuir de alguma forma.
Infelizmente,  não tenho o menor fio de esperança em nenhum desses dois cidadãos que estão prestes a comandar a nação.
O da extrema direita, um sujeito "megalomaníaco, ególatra, autoritário e ávido por dinheiro" (não são minhas palavras e sim do Coronel Carlos Pellegrino, superior dele no Exército). Uma piada de mau gosto que está há quase 30 anos na política e não conseguiu formular sequer uma mísera proposta sobre Saúde, Educação, Economia (pergunta pro Ipiranga Guedes) e nem mesmo sobre o que deveria ser sua especialidade, a Segurança Pública. Não há qualquer esboço de um plano para diminuir a violência, a não ser, quem sabe, dar um fuzil para todos os cidadãos e cada um que se vire em defender seu patrimônio e sua família.
Do outro lado, à esquerda, um ex-prefeito de São Paulo que conseguiu desagradar 90% da população paulistana (tentou a reeleição e perdeu no 1.º turno, fazendo menos de 1 milhão de votos). Se dispôs a fazer um papel ridículo de boneco de um Ventríloquo, que está preso em Curitiba e que é chefe supremo de um ex- partido político, que se transformou na maior organização criminosa do Brasil e que, se estivéssemos em um país minimamente sério, já teria sido extinto. Perigosamente, a organização tem um membro na presidência do Supremo e poderá assumir o segundo dos três poderes constituídos na nossa República de Bananas.

Por tudo isso, respeito meus amigos mais à direita, que acreditam que esse sujeito hipócrita, preconceituoso e mau caráter (essas são minhas) pode ser nosso "salvador da pátria", ou, que vão votar no Bolsonaro porque querem, acima de tudo, extirpar o PT de qualquer jeito. Só não posso compreender que cristãos afirmem que ele é o "defensor da família" (a dele, provavelmente) e usem o nome de Deus para compactuar com quem prega mentira, ódio, tortura e morte.
Também respeito meus amigos mais à esquerda, que ainda acreditam que o Lula e o PT fizeram mais bem do que mal ao país, ou, vão votar no Haddad de qualquer jeito em nome da Democracia. Entretanto, jamais irei compactuar com o retorno dessa organização criminosa, que foi  e continuará sendo capaz das maiores atrocidades (inclusive há diversas mortes suspeitíssimas) para se perpetuar no poder.

Pelo bem do Brasil e dos nossos filhos, tomara eu esteja completamente equivocado.
E, mesmo correndo o risco de ser chamado de omisso, ser acusado de lavar as mãos, ou, de deixar os outros decidirem por mim, não serei cúmplice de nenhum dos lados.

#VOTO NULO

11 comentários:

  1. Como sempre um texto muito bem feito!! Parabéns!! E seja o que Deus quiser!! "Infelizmente "

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  2. Exatamente o que penso... também anularei meu voto...
    Nunca votei e nunca votarei no PT.
    Também nunca votarei nesta pessoa abominável, o MITO que se diz um homem de bem...
    Espero também estar equivocada, mas não compactuarei.

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  3. Como estamos em uma democracia, respeito a lisura das palavras do meu nobre amigo Nelson, mas não posso concordar em alguns aspectos, temos sim um ponto de interrogação para o futuro do pais, mas convenhamos que temos que protagonizar uma mudança no sistema inclusive, uma boa noticia é que já houve uma boa mudança no senado e na câmara federal, ficando para trás algumas laranjas podres. Não posso concordar com o amigo quando fala em DITADURA, esta nunca houve em nosso país, aconteceu uma tomada de poder denominado "regime militar" diferente de "ditadura", sou mais um (incausto) mas não me acho desprecavido de informação, sendo que vivi essa época. Só para ilustrar:
    DITADURA: É uma forma de governo que não há participação popular.
    REGIME MILITAR: Sistema de governo que suspende as instituições democráticas.
    Que na época foi uma comoção popular, atendendo o anseio da sociedade.
    Portanto, peço perdão ao amigo, mas é minha opinião.
    Grato
    José Avelino - Bomberine - Palmeiras Campeão.

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    1. Não tem nada que se desculpar Avelino.
      Isso é democracia, as opiniões são muito bem vindas, em especial as contrárias.
      É fato que foi uma parte da sociedade que pediu a Intervenção Militar e foi atendida plenamente.
      Mas quem pensava diferente não podia participar muito menos dar opinião.

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  4. Minha memória não é tão precisa quanto a tua.

    Idem. Idem. Idem. E Idem.

    Idem. Idem. Idem. E Idem.

    E Idem.

    E vou anular o voto em mais um segundo turno.

    Parabéns pelo texto!!

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  5. Nelson,você é um mito rs
    Belo texto

    Nada pode ser pior que Jair Bolsonaro,e suas ideologias.
    Nem o PT

    Abraços

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  6. que texto !!! Faço de suas palavras a minha, e complemento:

    Quando te chamarem de frouxo, omisso, ou qualquer outra coisa, lembre que quem colocou as duas piores opções de candidato (basta ver índice de rejeição), foi a pessoa que esta te acusando agora.

    Acredito que nunca tivemos tantas "boas" opções, e mesmo assim o povo insistiu em votar nos piores.....assim sendo, só me resta parafrasear que: "cada povo tem o político que merece" !!!

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  7. CLOVÃO:

    Parabéns Nelson pelas tristes lembranças, um passado não tão distante mais obscuro do nosso país.
    Só não posso ficar calado de maneira alguma, quando o outro companheiro fala que "nunca houve ditadura" rapaz quando eu vejo isso! Me entristece demais, alguns formadores de opinião pedindo a volta dos militares.
    Eu analiso quando vejo alguém com essa deturpada opinião, se for pessoa com menos de 50 anos, eu simplesmente falo para ele ler a história, estudar, mas se tem acima de 50 anos, desculpe aí tem que buscar tratamento,problema de memória (alzeimer) é inconcebível a pessoa não lido sobre o carrasco da ditadura, Presidente Emílio Garrastazu Medicina, Ernesto Geisel, não leu sobre o AI-5.
    Desculpe eu servi na fronteira em 1981, Presidente João Batista Figueiredo, depois mais onze anos na Polícia Militar, resumindo Oficial tanto do Exercido quanto das outras forças, não enxergam um palmo à frente do nariz.
    A verdade é que nessa briga política de ódio, não estão votando em um candidato, estão votando contra um candidato, o que é mais triste é que qualquer que ganhar, não vai conseguir a governabilidade, o sistema está fragmentado e vai ter dificuldades para governar, vamos passar novamente por um longo período de estagnação.

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  8. Valeu, então tenho alzeimer, respeito zero.

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  9. Como eu já escrevi,opinião cada um tem a sua.
    Pontos de vista diferentes devem ser sempre respeitados, o que não podemos é perder amigos, brigar em família por pensar diferente.
    Meu pai era defensor ferrenho dos militares, achava que a Ditadura era o regime ideal e malufista de carteirinha.
    Nem por isso deixei de amá-lo sempre.

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quatarama